As crónicas escritas para o jornal brasileiro Folha de S. Paulo, que mostram Ricardo Araújo Pereira como nunca o lemos antes.
Do elogio do silêncio à crítica ao império dos telemóveis e das redes sociais, passando pela defesa da liberdade de expressão e pela metafísica do pecado, estes textos tanto falam de Cristiano Ronaldo como de Kierkegaard, do Candy Crush como de Flaubert. Pelo caminho, desmonta-se o mito da auto-ajuda, discutem-se problemas de linguagem que só a RAP apoquentam, questionam-se intolerâncias alimentares contemporâneas e o intemporal complexo de Édipo, levantam-se questões prementes para os casais de hoje, como a escolha entre ter filhos ou ser feliz para sempre, e pergunta-se que papel desempenha no mundo a pessoa, a gente, o povo e a humanidade.
«Edith Piaf declarou famosamente que não se arrependia de nada. Que sorte. Eu sou o seu rigoroso inverso: arrependo-me de tudo. Isto que vou fazendo não é exactamente viver. É o rascunho de uma vida. Precisava de outra para passar tudo a limpo e comportar-me como deve ser. O meu epitáfio será, provavelmente: ´Aqui jaz Ricardo Araújo Pereira, com a mão na testa.´ É isso que vou fazer, parece-me, mesmo antes de morrer. Levar a mão à testa e dizer, desconsolado: ´Ah. Então era assim que devia ter vivido.´Devia ter feito muitas coisas que não fiz e não devia ter feito a maior parte das coisas que fiz. Os franceses têm uma expressão: L’ esprit d’escalier, o espírito da escada. Serve para designar aquela resposta brilhante da qual a gente se lembra quando já é tarde demais. O orador abandona a tribuna e, no momento em que já vai a descer a escada, ocorre-lhe o que, de facto, deveria ter dito. Eu terei o espírito da escada aplicado à vida: o espírito da tumba. Suspeito que só saberei viver depois de ter vivido. Só terei espírito quando já for um espírito.
FICHA TÉCNICA
Gênero Crônica
Páginas 256 páginas
Formato 14 x 21 x 1,3 cm
ISBN 978-65-84835-07-8
Lançamento 02 de julho de 2022
As crónicas escritas para o jornal brasileiro Folha de S. Paulo, que mostram Ricardo Araújo Pereira como nunca o lemos antes.
Do elogio do silêncio à crítica ao império dos telemóveis e das redes sociais, passando pela defesa da liberdade de expressão e pela metafísica do pecado, estes textos tanto falam de Cristiano Ronaldo como de Kierkegaard, do Candy Crush como de Flaubert. Pelo caminho, desmonta-se o mito da auto-ajuda, discutem-se problemas de linguagem que só a RAP apoquentam, questionam-se intolerâncias alimentares contemporâneas e o intemporal complexo de Édipo, levantam-se questões prementes para os casais de hoje, como a escolha entre ter filhos ou ser feliz para sempre, e pergunta-se que papel desempenha no mundo a pessoa, a gente, o povo e a humanidade.
«Edith Piaf declarou famosamente que não se arrependia de nada. Que sorte. Eu sou o seu rigoroso inverso: arrependo-me de tudo. Isto que vou fazendo não é exactamente viver. É o rascunho de uma vida. Precisava de outra para passar tudo a limpo e comportar-me como deve ser. O meu epitáfio será, provavelmente: ´Aqui jaz Ricardo Araújo Pereira, com a mão na testa.´ É isso que vou fazer, parece-me, mesmo antes de morrer. Levar a mão à testa e dizer, desconsolado: ´Ah. Então era assim que devia ter vivido.´Devia ter feito muitas coisas que não fiz e não devia ter feito a maior parte das coisas que fiz. Os franceses têm uma expressão: L’ esprit d’escalier, o espírito da escada. Serve para designar aquela resposta brilhante da qual a gente se lembra quando já é tarde demais. O orador abandona a tribuna e, no momento em que já vai a descer a escada, ocorre-lhe o que, de facto, deveria ter dito. Eu terei o espírito da escada aplicado à vida: o espírito da tumba. Suspeito que só saberei viver depois de ter vivido. Só terei espírito quando já for um espírito.
FICHA TÉCNICA
Gênero Crônica
Páginas 256 páginas
Formato 14 x 21 x 1,3 cm
ISBN 978-65-84835-07-8
Lançamento 02 de julho de 2022